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Não Há Perigo de Errar

NÃO HÁ PERIGO DE ERRAR

Não há perigo de errar – “Ninguém escapa da educação. ” Partindo dessa afirmação, já fica evidente que a educação ultrapassa o ambiente escolar, o espaço físico da escola, pois ela ocorre “em casa, nas ruas, nas igrejas ou nas escolas”. Educação não é um ponto de chegada, mas um processo. Nesse processo está presente a dinamicidade das ações e relações entre pessoas e grupos que fazem desse processo um mecanismo que pode produzir transformações sociais em qualquer época e lugar.

Na escola, a visão ampliada da ação pedagógica exige algumas reflexões sobre o processo educacional, este não reside apenas na escola, pois ela não é a única responsável pela educação.

A Educação tem uma dimensão maior do que simplesmente ensinar e instruir, o que significa dizer que o processo educacional não se esgota com o que está na regra ou na lei. Em sentido amplo ela representa tudo aquilo que pode ser feito para desenvolver o ser humano. Aqui utilizamos o conceito de educação, amparado nos estudos, de Álvaro Vieira Pinto “Sete lições da Educação de Adultos” (1982),  –  para fazer uma reflexão sobre o sentido e o significado da Educação.

O objetivo principal deste artigo é provocar: provocar os professores convictos, mas principalmente os que são professores “por inércia”, levando-os a pensar racionalmente e trocar sua “inércia” pelo orgulho de ser educador no sentido amplo, segundo Vieira.

Não existe certo ou errado quando analisamos historicamente a evolução do processo educativo indissociável com a vida da sociedade humana nas suas complexidades e contradições.

Para uma análise sobre o processo educacional deve-se levar em consideração o entendimento conceitual de Educação.

Para Vieira, Educação é:

Processo.

Fato.

Fenômeno.

Concreta.

Contraditória.

Como processo, não se enxerga a realidade de forma estática, ela está em movimento constante, pois, quanto mais se educa, mas há necessidade de continuar no processo.

Como fato existencial, promove diálogo entre seres pensantes no tempo e espaço; como fato social é contraditória, que é conservação de uma determinada estrutura e, ao mesmo tempo, uma intenção de progresso, indicando ruptura (movimento); como fenômeno está nas representações culturais, nas crenças, nos valores, nós hábitos e experiências; não é uniforme, pois representa um conjunto de  saberes extenso, para grupos diferentes; a educação é teleológica, pois direciona-se para um fim, visando ao desempenho de funções.

Não há perigo de errar, não existe certo ou errado, existem sim muitas dúvidas ao uso de determinadas expressões ou palavras em língua portuguesa, mas poucas delas confundem tanto os escritores e leitores como AONDE OU ONDE. Primeiro vamos a explicação gramatical, em seguida alguns exemplos que evidenciam dúvidas correntes. ONDE – é advérbio de lugar isto quer dizer que indica localização de algo ou alguém –  está, ideia de lugar fixo, que corresponde; no(a) qual ou em que. AONDE, também é usada para indicar lugar em que algo ou alguém está, contudo deve-se observar se o verbo com o qual se relaciona exige a preposição “a” – ideia de lugar para o qual se vai, ou seja, destino ou movimento.

ONDE = ideia de lugar fixo.

AONDE = ideia de destino ou movimento.

A grande maioria das pessoas enfrentam com frequência os desafios embutidos na tarefa de escrever um texto, pois se acham incapazes de manipular os vários domínios da linguagem, que, aqui para o nosso propósito, vamos destacar apenas três.

  1. A Semântica, envolvendo a dimensão dos significados ou conotações das palavras – significado/sentido dos vocábulos, indicando sinal ou símbolos (algo abstrato)
  • A Sintaxe, requer o domínio das regras que governam a ordenação das palavras e, mais importante do que as regras são as funções das palavras na frase e das relações estabelecidas, entre elas, é uma questão de uso, não de princípios. “Escrever bem é escrever claro” – “Não é certo, mas é claro, certo? (Luís Fernando Veríssimo).
  • A Dimensão Pragmática, uso prático da língua que analisa a linguagem considerando a influência e o contexto comunicacional, extrapolando assim a visão da semântica e da sintaxe. O sentido está na utilidade.

Não existe certo ou errado quando os próprios gramáticos não chegam a um consenso no uso de ONDE  e AONDE.  O que diz o Dicionário Aurélio – “…não seria lícito confundir aonde, ‘a que lugar’, com onde, ‘em que lugar’; e pela distinção entre um e outro se bateram, e ainda hoje se batem muitos gramáticos e estudiosos. O  uso dos melhores autores, porém, desde um Azurara, da fase arcaica da língua, até um José Régio ou Miguel Torga, dos nossos dias, não se distingue onde de aonde. Clássico dos mais reputados, Rebelo da Silva usa aonde por onde, cerca de 40 vezes, nos seus Contos e Lendas; exemplo na pág. 20: “o cemitério aonde dormem os que nos amaram.” Por vezes ocorre o emprego simultâneo de um e outro advérbio com a mesma significação: “Nise? Nise? Onde estás? Aonde? Aonde? (Claudio Manuel da Costa, Obra Poética, I,P.109; Mas aonde te vais agora, / onde vais, esposo meu?” (Machado de Assis, Poesias Completas, p.207) Note-se, na abonação machadiana, que a métrica não se oporia à repetição do aonde.

Vamos ao emprego do AONDE, na frase: “AONDE A EDUCAÇÃO SE FAZ COM CONFIANÇA”, se você entendeu o conceito de Educação, parcimônia, retomando o raciocínio, na frase em questão “Aonde a Educação se faz com Confiança “ inspira movimento, o ser em questão está se locomovendo. O acréscimo da preposição é que agora a expressão deixa de indicar a localização de um objeto, para transmitir a ideia de movimento (no sentido amplo de Educação). Educação se faz, realiza, executa, vai, etc. Verbos de ação….

  • Aonde você foi assim tão cedo? Fui aonde se realiza educação com qualidade…
  • Aonde essas medidas do governo vão nos levar?
  • Até aonde vai sua ignorância.
  • “…Momento de que desbaratei… Templos aonde nunca pus um altar… (Mario de Sá Carneiro)

Não há perigo de errar, não existe certo ou errado no uso do Aonde e Onde no contexto histórico do conceito de educação.

Joaquim Moreira dos Santos é especialista em Educação – Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. Licenciado em Pedagogia – UniCEUB. Professor de: Fundamentos da Educação, História da Educação, Filosofia da Educação e Legislação de Ensino no Ensino Superior de Brasília-DF.

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